Lyrics
Sertão, Pernambuco, força caça cangaceiro
Busca, não acha, maldito justiceiro
Povo tem medo, essa é sua sina
Vida vale pouco da caatinga a usina
Com força e raiva invade lar sertanejo
Grita, espuma, terror no vilarejo
Filha do viúvo tenta escapar
Detida, implora, pra vida acabar
De pernas abertas é do batalhão
Virgem morre só, só rezando em vão
Bento de honra ferida, besta pela caatinga
De alma partida, nenhum santo o ilumina
Na seca sentia raiva, pela filha chorava
No meio da andança, encontrou nova esperança
Redenção dos pobres nos milagres do Messias
Prevendo novos tempos e justiça divina
O rico vai ficar pobre e o sertão vai virar mar
O mar vai virar sertão e o pobre rico vai ficar
O santo dizia que pro milagre se firmar
Virgens, crianças tinham que sacrificar
E no meio da grande seca, lá na Pedra Bonita
Onde se dizia que milagre acontecia
Força atirou nos fiéis até bala acabar
Só sobrou viúvo Bento para a história contar
Mais uma vez Bento saiu corrido
Como bicho que sai pelo mato, fugido, fugido
Na sua andança conheceu violeiro
Cego cantava justiça no rifle do cangaceiro
No bando de Corisco era noite de vingança
Na casa do coronel que matou uma criança
O pai foi pro bando defender honra ferida
Na bala do cangaço é que o pobre revida
Bento vendo aquilo ficou maravilhado
Era tudo que esperava dum sertão tão desgraçado
O viúvo se encontrou no bando de Corisco
Naquela noite sangrou seus demônios, inimigos
Se serviu das mulheres na sala de estar
Com a raiva de quem viu a filha chorar
Filho do coronel, ele deixou capado
Coronel assistiu, chorando desesperado
Corisco ficou orgulhoso da força de Bento
Sem dó, nem piedade, disposto todo momento
Mas em uma emboscada Corisco foi cortado
Pelo mata cachorro pela lei contratado
Todo bando morreu no final da confusão
O sertão não virou mar, nem o mar virou sertão
E a terra é dos homens nem de Deus nem do Diabo